sexta-feira, 5 de abril de 2019

Coração de Menina (Por Srta Sullivan)


   Ela, que ao longo da vida esbanjava liberdade, sentiu-se presa quando se viu adulta. Tal prisão lhe causava receio, não porque o mundo a aprisionava, mas porque as pessoas não sabiam ser livres também. 
   A liberdade não é algo que se conquista facilmente. E pra ela não tinha sido diferente. Muitos afazeres lhe roubavam o tempo que precisava dedicar a si mesma. E em meio a tantas ocupações, ela ainda conseguia encontrar um tempinho para dedicar a uma das suas maiores paixões: a música. Seu violão era seu grande amigo. Quando ninguém podia entendê-la, ele estava ali, transformando em melodia seus sentimentos mais profundos. Assim ela se encontrava novamente com sua liberdade e se abria pra vida.
   Suas principais qualidades - simplicidade, companheirismo e lealdade - lhe pertenciam desde a infância, logo, eram as mais admiráveis. Uma pena era ela não saber que nem todas as pessoas à sua volta seriam recíprocas ao seu frágil coração. E ninguém podia negar que seu coração era tão lindo e aberto quanto um coração de menina.
   Sua natureza calma e reservada abrigava uma mulher intensa e possessiva. Queria todos para si. Mas nem todos eram dignos. Quando se deparou com essa dura realidade, sofreu intensamente. Mas nem assim fechou seu coração. Continuou acreditando na bondade do ser humano. Afinal, ele foi feito "à imagem de Deus". Isso por si só já era o suficiente para ela continuar tendo uma visão positiva da vida, mesmo que lá no fundo, bem no fundo, suas cicatrizes ainda lhe causassem um certo aperto no peito.