quinta-feira, 31 de maio de 2012

"Tem gente que é ostra"


"As ostras têm um corpo mole, protegido dentro de uma concha altamente calcificada, fechada por fortes músculos adutores. (...) A ostra tem uma forma curiosa de se defender. Quando um parasita invade seu corpo, ela libera uma substância chamada madrepérola, que se cristaliza sobre o invasor impedindo-o de se reproduzir. Depois de cerca de três anos esse material vira uma pérola." - (Wikipédia)

Na vida, ao longo da nossa caminhada encontramos pessoas que se encaixam nesse perfil. Já se perguntou por quê elas são desse jeito? Se você conhece ou conheceu alguém assim, provavelmente já. Então vamos tentar uma explicação simples. Eu tenho uma teoria.

As ostras têm um corpo mole - comparando-as a um ser humano poderíamos dizer que são extremamente sensíveis, frágeis, delicadas...

Protegido dentro de uma concha altamente calcificada, fechada por fortes músculos adutores - pessoas sensíveis tendem a ser fechadas. É como se constantemente usassem uma armadura impenetrável que as protegesse de tudo e de todos.

Quando um parasita invade seu corpo, ela libera uma substância chamada madrepérola, que se cristaliza sobre o invasor impedindo-o de se reproduzir - quando uma pessoa-ostra é atingida (ferida ou magoada) por alguém, ela busca meios de se defender. Algumas imobilizam o "invasor", afastando-o de sua vida, de seu convívio para que não as magoe novamente. Já outras imobilizam os sentimentos, tentando impedir que a dor causada jamais seja sentida.

Depois de cerca de três anos esse material vira uma pérola - Digamos que a tal pérola seja as cicatrizes ou as lembranças não gratas de tais pessoas.

Tudo isso faz algum sentido pra você? Bem, talvez faça para elas.


domingo, 13 de maio de 2012

Empatia (Por Srta Sullivan)



Era alegre e de uma beleza rústica. Gostava de acordar cedo e ouvir os pássaros cantar. Assoviava ao som de sua canção favorita e tinha por hábito ouvir música clássica. Não se ofendia com nada. Nada a magoava. Tudo era sempre uma surpresa interessante. Era simplesmente feliz, porque nunca tivera ao seu alcance a infelicidade. Até que um dia... Bem, até que um dia alguma coisa mudou.

Estava sentada no segundo degrau da escada que dava para o fundo do quintal. Eram quatro horas da tarde quando se apercebeu de que seu jardim estava encolhido. Suas plantas não exibiam mais a alegria e o sorriso de sempre. Pareciam pedir socorro, como se não pudessem respirar. Então, lá se foi ela em socorro das plantinhas agonizantes.

Tentou primeiramente o óbvio - regá-las – mas pareceu não adiantar. Depois cantou para elas. O que também não adiantou. Conversou com elas, perguntando insistentemente o que sentiam, e nada. Por último, já quase sem esperanças, sentou-se ao lado delas e chorou. Mas chorou como nunca antes. Chorou tão profundamente como nem ela sabia que era capaz. Era de um pranto tão aflito e intenso que suas lágrimas regavam praticamente todas as flores do jardim.

Alguns minutos depois percebeu suas plantinhas diferentes. Mais vivas. Como se suas lágrimas as tivessem curado ou fortalecido. Foi então que descobriu um sentimento novo – a empatia. Sofrera tanto pelas plantas como se a dor delas fosse a sua própria. E ao sofrer entregou-lhes sua vitalidade.
De tempos em tempos ia ao jardim cuidar de suas queridas amiginhas. Em troca, elas lhe presenteavam com sua beleza e aroma. Além de alegrar ricamente o seu dia. E assim, ela foi novamente feliz.