domingo, 13 de maio de 2012

Empatia (Por Srta Sullivan)



Era alegre e de uma beleza rústica. Gostava de acordar cedo e ouvir os pássaros cantar. Assoviava ao som de sua canção favorita e tinha por hábito ouvir música clássica. Não se ofendia com nada. Nada a magoava. Tudo era sempre uma surpresa interessante. Era simplesmente feliz, porque nunca tivera ao seu alcance a infelicidade. Até que um dia... Bem, até que um dia alguma coisa mudou.

Estava sentada no segundo degrau da escada que dava para o fundo do quintal. Eram quatro horas da tarde quando se apercebeu de que seu jardim estava encolhido. Suas plantas não exibiam mais a alegria e o sorriso de sempre. Pareciam pedir socorro, como se não pudessem respirar. Então, lá se foi ela em socorro das plantinhas agonizantes.

Tentou primeiramente o óbvio - regá-las – mas pareceu não adiantar. Depois cantou para elas. O que também não adiantou. Conversou com elas, perguntando insistentemente o que sentiam, e nada. Por último, já quase sem esperanças, sentou-se ao lado delas e chorou. Mas chorou como nunca antes. Chorou tão profundamente como nem ela sabia que era capaz. Era de um pranto tão aflito e intenso que suas lágrimas regavam praticamente todas as flores do jardim.

Alguns minutos depois percebeu suas plantinhas diferentes. Mais vivas. Como se suas lágrimas as tivessem curado ou fortalecido. Foi então que descobriu um sentimento novo – a empatia. Sofrera tanto pelas plantas como se a dor delas fosse a sua própria. E ao sofrer entregou-lhes sua vitalidade.
De tempos em tempos ia ao jardim cuidar de suas queridas amiginhas. Em troca, elas lhe presenteavam com sua beleza e aroma. Além de alegrar ricamente o seu dia. E assim, ela foi novamente feliz.

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